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DÍZIMO OU CONTRIBUIÇÃO LIBERAL?

DÍZIMO OU CONTRIBUIÇÃO LIBERAL?

 

            (Confira no Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa de                    Aurélio Buarque de Holanda o significado da palavra “liberal”:                          generosa, franca, dadivosa, ... própria de cidadão livre)

 

 

                                    Ser judeu e ser Cristão, são cousas diametralmente opostas.

                                   O judeu, nos tempos do cristianismo primitivo, era o remanescente mais numeroso da nação de Israel, repatriada após o cativeiro da Babilônia, nos séculos VI e V a.C. . Conquanto houvesse descendentes de várias tribos na época do Novo Testamento (Lc. 2:36; Gl. 3:5; 10:32), o termo “judeu” era aplicado indistintamente a todos (Gl. 2:15).

                                   Descendentes de Abraão através de Jacó (Israel), nascidos ou não na Palestina, eram herdeiros de enorme legado espiritual (Rm 9:4,5) que, a não ser alguns mais dotados, raramente souberam considerar como deviam (Mt 3:9; Rm 10:1-4).

                                   A nação era ainda no primeiro século um estado teocrático governado por um código de leis civis, morais e religiosas, com um total de 2.386 mandamentos(cf. W.C. Taylor, Epístola aos Gálatas, pag. 310). Essa constituição Nacional foi-lhe dada por Deus, através de Moisés, após um acordo celebrado com o nome de “Aliança”, descrito nos capítulos 19 e 24 do Livro de Êxodo. É conhecida também como “Lei de Moisés”.

                                   O grande erro do judeu, a causa mesma da tragédia nacional, foi interpretar a lei como meio de salvação independente da fé. Daí assumirem a atitude legalista de realizar obras, não pelo espírito de obediência a Deus, mas com a intenção de fazer o suficiente para serem salvos (Rm. 9:30-32). Visto que aquelas obras não procediam da fé, eles não podiam ser justificados, porque a justificação vem pela graça de Deus, mediante a fé (Ef. 2:8).

                                   Isto constitui um dos aspectos mais interessantes do judeu no Novo Testamento, com que o Evangelho do Espírito tem a ver freqüentemente: a inclinação para o legalismo.

                                   Em contraposição com o pensamento judeu, o cristão pode ser cidadão de qualquer país, pode obedecer a qualquer legislação nacional, exceto no que conflite com o caráter dos ensinos de Cristo, sem necessidade de obedecer à Lei de Moisés.

                                   Entre outras razões para o cristão não ter que obedecer à Lei de Moisés, citamos as seguintes:

                                   1ª - Ela foi celebrada entre Deus e a nação de Israel, a Casa de Jacó, e não com os gentios (Ex. 19:3).

                                   2ª - Aquela Aliança relativa à obediência à Lei era provisória e seria substituída por uma Nova Aliança (Jr. 31:31-33; Gl. 3:24).

                                   3ª - A Nova Aliança foi celebrada pela morte de Cristo (Mt. 26:28; Lc. 22:20).

                                   4ª - A Aliança em Cristo é superior (Hb. 8-10; com ênfase em 8:6,7,13 e 9:13-15).

                                   Se o cidadão judeu entrava em aliança com Deus pelo simples fato de ser da nação de Israel e ser circuncidado ao oitavo dia, na igreja, o Novo Israel de Deus, as condições são diferentes. Urgindo passar por uma autêntica transformação espiritual que Jesus chamou de Novo Nascimento, todo o processo de entrar em aliança com Deus e permanecer nela, gira em torno de uma convicção fundamental do indivíduo, de que Jesus é o Cristo, o filho do Deus Vivo (Mt. 16:16-18).

                                   Esta convicção não vem pelo esforço humano de guardar leis, nem de criar sistemas de fé ou cousas semelhantes. Ela vem, antes, por revelação de Deus (Mt. 16:17). Portanto a igreja de Cristo é estabelecida com base nas convicções a respeito da pessoa e da obra de Cristo. Isto constitui algo que se passa em nível profundamente espiritual, cousa bem diferente daquilo que caracterizava o pensamento judeu a respeito da sua relação com Israel e com Deus. É pela fé em Cristo que o cristão recebe paternidade divina e o próprio Espírito de Deus (Jo 1:12,13; Rm 8:15,16).

                                   O Espírito é tão importante na pessoa do cristão que, sem Ele ninguém receberá o cumprimento da promessa final da redenção ou de ressurreição dos mortos para a vida eterna (Ef 1:14 ; Rm 8:11); sem Ele ninguém pode ser considerado cristão (Rm. 8:9) e sem Ele a vida cristã não pode existir, pois vida cristã é vida no Espírito, em contraste com a vida de obrigação legal sob a coação do pecado, que é a lei da morte (compare os capítulos 7 e 8 de Romanos: a vida sob o legalismo carnal e a vida no Espírito, respectivamente; a ênfase está em 8:1,2,6-9).

                                   As atitudes do homem na igreja têm que ser compatíveis com a orientação do Espírito (Rm. 8:14). Não podem, portanto, caracterizar-se pelo desconhecimento ou incompreensão de Seus ensinos, sob pena de estar regredindo para a carne, como os judeus, com trágicas conseqüências (Rm. 10:1-4).

                                   A contribuição é um caso típico do Novo Testamento que deve ser orientado por normas espirituais do cristianismo e não pelo legalismo judeu.

                                   O dízimo é mandamento expresso e bem caracterizado dentro do corpo da Lei de Moisés (Lv. 27:30-34 ; Nm. 18:27 ; Dt. 12:4-6). Não se confundia com ofertas voluntárias e sacrifícios (Dt. 2:5,6,11), que eram outras obrigações legais; tão pouco se confundia com o sacrifício dos primogênitos dos animais (Ex. 13:2 ; 34:19) ou com o resgate dos primogênitos dos homens (Ex. 13:3 ; 34:20), e dos animais impróprios para o sacrifício.

                                   Com efeito, os dízimos eram uma recompensa aos levitas pelo serviço que prestavam no Tabernáculo. Uma vez que não receberam parte na divisão do território de Israel, recebiam proventos para se dedicarem ao serviço sagrado (Nm. 18:21-24).

                                   Com tanta matéria sobre as ofertas à disposição no Velho Testamento, era de se esperar que a contribuição ensinada no Novo Testamento fosse acompanhada de citações ou de idéias que remetessem nossos espíritos àqueles mandamentos. Mas isto não acontece. Antes, a contribuição do cristão é estabelecida por normas do caráter espiritual que, por isto mesmo, nos levam a um compromisso muito mais sério (II Co. 8,9). São normas simples, porém funcionais e que estimulam o exercício da contribuição. Observe como de deve contribuir:

                                   1 - No primeiro dia da semana (I Co. 16:2).

                                   2 - Conforme a prosperidade (I Co. 16:2).

                                   3 - Conforme proposto no coração (II Co. 9:7).

                                   4 - Não com tristeza ou por necessidade (II Co. 9:7).

                                   5 - Com liberalidade (Rm. 12:8).

                                   6 - Esperando recompensa de acordo com as atitudes (II Co. 9:6,8-11).

                                   Ao ensinar esta maneira de contribuir o Espírito Santo nos conduz a um episódio significativo dos tempos do Velho Testamento que é a contribuição de Davi e do povo para a construção do Templo de Jerusalém, a Casa do Senhor, contribuição totalmente livre de prescrições legais.

                                   Nas atitudes de todos e na oração de Davi que foram registradas em I Crônicas 29, as idéias que se tornam mais evidentes são precisamente as de alegria, todo coração, voluntariedade, liberalidade, etc.

                                   A contribuição liberal pode ser menor que o dízimo, mas pode ultrapassá-lo de muito, quando planejada conforme o padrão espiritual. Há exemplos encorajadores como o da viúva pobre (Lc. 21:1-4) e do próprio Cristo (II Co. 8:8,9); mas há também princípios moderadores como em II Co. 8:11-15, e até mesmo princípios restritivos por via indireta, como em I Tm. 5:8. Porque se na igreja há aqueles que podem contribuir, pode haver também os que necessitam ser socorridos (Gl. 6:10).

                                   Diante de tudo isto surge a questão que deve ser resolvida, não somente pelos líderes, mas também pelos membros, cada um em particular:

                                   “Que norma de contribuição deve ser adotada na igreja que é uma instituição do Novo Testamento: Dízimo ou Contribuição Liberal?”.

 

 N O T A S

 

 1 - Lembre-se de que em certas igrejas há membros ricos e muito generosos, que contribuem com porcentagens muito maiores do que dez por cento da sua prosperidade. Por outro lado há pobres que contribuem com tudo o que têm, isto é, com cem por cento, apesar do pequeno valor numérico da oferta.

2 - Ricos do presente século que são membros da igreja são exortados a serem generosos em dar e prontos a repartir (I Tm. 6:18). Uma quantidade fixada em números pode levar a uma atitude de legalismo, de obrigação, de necessidade, de tristeza, de coração não íntegro, de descontentamento, podendo freqüentemente induzir à fraude no modo de calcular (Rm. 7:7). A propósito, o Novo Testamento não fornece regras de cálculo numérico para a contribuição, e sim, as normas espirituais já citadas.

3 - As palavras de Cristo em Mt. 23:25 não são uma ordenança sobre a contribuição em forma de dízimo para cristãos. Se fossem, estaríamos obrigados a fazer o cálculo do valor da salsinha e da cebolinha plantadas no fundo do quintal, o que ninguém infere desta passagem. É antes uma censura à hipocrisia dos fariseus, rigorosos no cálculo das pequenas cousas e negligentes em cousas importantes como justiça e misericórdia.