MENSAGEM Nº 65

 A Oração do Pai Nosso

                                

 

                                                               Mateus 6:9-13

 

V. 9 - Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;

V.10 - venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;

V.11 - o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;

V.12 - e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;

V.13 - e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!

 

Certa vez os discípulos pediram a Jesus que os ensinasse a orar (Lucas 11:1). Ele disse: “...vós orareis assim”:

 

                             

                                        Pai Nosso que estás nos céus”

 

Com estas palavras Ele apresenta um novo conceito de Deus, de um Ser acessível, como é o pai para o filho, aqui na Terra. Lucas usa a linguagem familiar dizendo no vocativo, simplesmente, “Pai”. Mas Ele é respeitável e transcendente porque está nos céus.

 

                                         “Santificado seja o teu nome”

 

Esta cláusula, expressa na voz passiva, subentende que o agente santificador do nome de Deus, isto é, da Sua pessoa, é Ele mesmo, como também Ele é o agente da cláusula seguinte: “Venha o teu reino”.

É Deus quem vai santificar o seu nome, mostrando que Ele é santo e que o Seu reino será governado dentro dos Seus padrões de santidade. Mas isto deve ser entendido escatológicamente.

 

               “venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”

 

 

Aqui estão duas ideias estreitamente relacionadas entre si, e devem exprimir o ardente desejo de todo discípulo de Cristo, de que seja implantado definitivamente o Reino de Deus no qual a Sua vontade é cumprida efetivamente na Terra, como é no céu.

O estabelecimento da igreja em Pentecoste representa a chegada do reino de Deus na Terra, mas nós aguardamos ainda os “novos céus e a nova terra, nos quais habita a justiça”. Então a vontade de Deus será obedecida em todos os seus pormenores, especialmente na vida de perfeita retidão dos salvos. Isto acontecerá no reino eterno de Deus e de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (II Pedro 1: 11), porque nem um “i” ou “til” passará da Lei, sem que tudo se cumpra (Mateus 5: 17-18 ; Lucas 16: 17).

 

                                  “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”

 

Assim como Jesus ensinou a orar pelo cumprimento completo do propósito de Deus, Ele também ensina a pedir providências para a nossa subsistência, até que tudo se concretize. As nossas necessidades vitais são resumidas sob o título: “o pão nosso de cada dia”. Na realidade, necessitamos de vestimenta, moradia, saúde, trabalho etc. Mas tudo isso deve ser limitado às nossas necessidades “de cada dia”, sem preocupação de acumular ou de esbanjar nos prazeres da vida (Lucas 12: 19-21; Tiago 4: 3).

Muitos intérpretes consideram o “pão nosso de cada dia”, como o “alimento espiritual para as nossas almas” que é Cristo e a Sua Palavra. Eles dão um significado espiritual para esta passagem. Mas este pedido deve ser interpretado literalmente, como o suprimento das nossas necessidades físicas e materiais, e não, como o alimento espiritual. É bem verdade que Cristo e a Sua palavra são o alimento fundamental e indispensável para a vida cristã, para a vida eterna, mas isto já é fato consumado para nós (cf. I Pedro 2:1-3 ; II Pedro 1:3-11).

Em suas controvérsias com judeus da Galileia, Jesus afirmava: “eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome e o que crê em mim, jamais terá sede” (João 6: 35). Em outra passagem Ele reitera: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente”. Logo em seguida Ele diz: “e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne”, referindo-se ao sacrifício do seu próprio corpo na cruz (João 6: 51). A partir daquele momento, momento da sua morte propiciatória, esse alimento está disponível para toda a humanidade (I João 2: 22). O que precisamos fazer é busca-lo (João 6: 54-56; cf. I Pedro 2: 2-3).

Embora estas verdades sejam expressas por meio de linguagem fortemente hiperbólica, ele explica: “a carne para nada aproveita, o espirito é que vivifica; as palavras que vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6: 63). Portanto: “A palavra esta perto de ti, na tua boca, e no teu coração, isto é, a palavra da fé que pregamos” (Romanos 10: 8). 

Quem acha que devemos pedir por esse alimento que já foi disponibilizado há dois mil anos, está sugerindo a renovação do sacrifício que foi feito uma vez por todas (Hebreus 10: 10).

A cerimônia do “partir do pão”, que as igrejas cristãs praticam até o dia de hoje com o nome de Ceia do Senhor, não deve ser considerada como uma oportunidade em que o pão e o fruto da videira se transformam milagrosamente no corpo e no sangue de Cristo, e nem um ato sacramental em que a comunhão com Deus é restaurada automaticamente. Ela deve ser discernida simplesmente como um ato memorial, em que a igreja reunida faz recordação do sacrifício de Cristo que já foi feito. Jesus explica: “Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22: 19; I Coríntios 11: 24-25).

 

“e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos                                            nossos devedores”

 

O perdão de pecados é fundamental para a salvação do pecador. É um ato do amor de Deus, amor que se desdobra em graça, bondade e misericórdia. Graça, porque o pecador não merece, mas Deus lho concede, para que ele receba o dom da vida eterna. Misericórdia, porque Deus não lhe aplica a penalidade que ele merece, isto é, a morte eterna, porque o salário do pecado é a morte (Romanos 6: 23). Bondade, porque é a bondade de Deus que conduz o pecador ao arrependimento (Romanos 2: 4).

Estes atributos divinos fazem parte dos alicerces do Seu reino. Será um ato de rebeldia de qualquer cidadão do reino negligenciar algum desses atributos em sua vida, uma vez que ele foi perdoado por Deus. É, mesmo, uma afronta ao caráter do Criador. Por isso, são frequentemente lembrados os princípios do reino, tais como: “os misericordiosos alcançaram misericórdia”; “muitos primeiros serão últimos e os últimos, primeiros”; “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se porem, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tão pouco vosso Pai vos perdoara as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15). Estes princípios não precisam de maiores explicações, porque são conceitos primitivos. Mas devem ser observados com atenção.

 

           “e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”

 

Quanto às tentações, é necessário pedir que Deus nos livre delas, porque os conflitos começam no reino espiritual, onde Deus governa todas as cousas (cf. Jó 1:6-12). O inimigo tem um voto contra os filhos de Deus e Deus tem um voto a favor de Seus filhos, pela interseção de Jesus Cristo (Lucas 22: 31-32). Mas, a decisão está em nós. Como seres humanos que somos, podemos estar com ânimo dobre e inconstante em nossos caminhos, como diz Tiago 1: 8. Neste caso, é necessário orar como muita fé, em nada duvidando, para obtermos ajuda de Deus (Tiago 1: 5-6). Só Ele poderá livrar-nos dos ataques do Maligno. O Salmo 34:7 diz: “O anjo do senhor acampa-se ao redor dos que o teme e os livra”. Assim, o apêndice, que se encontra entre colchetes em Mateus 6: 13, está muito bem colocado, quanto ao poder de Deus de nos livrar dos ataques do Maligno, quando diz: “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre” (cf. I Crônicas 29: 11). Mas estas palavras aplicam-se a todas as cláusulas desta oração. Amém.